Como fica o Simples Nacional com a reforma tributária? Será que ele vai acabar? Vai se transformar completamente? Você precisa se preocupar?
Pois é, em 2026 a reforma tributária já começa a valer e você realmente precisa se preparar com antecedência, pois algumas mudanças podem impactar de maneira forte seu negócio.
Vamos entender juntos, de maneira detalhada, tudo o que muda – e o que permanece igual – para o Simples Nacional com a nova realidade tributária do Brasil.
O que é o Simples Nacional hoje?
Antes de falarmos das mudanças, vale relembrar: o Simples Nacional é um regime tributário criado para desburocratizar e reunir, em um só pagamento, diferentes impostos federais, estaduais e municipais.
Usando o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), você paga, de forma unificada:
- IRPJ
- CSLL
- PIS
- COFINS
- IPI
- ICMS
- ISS
- Contribuição Previdenciária Patronal (CPP)
As alíquotas são progressivas, variando conforme seu faturamento anual e o anexo em que sua atividade se encaixa.
Basicamente, quanto mais você fatura, maior a alíquota.
A reforma tributária vai acabar com o Simples Nacional?
Não, o Simples Nacional vai continuar existindo.
O tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas foi mantido na própria Emenda Constitucional da reforma.
Ou seja, o regime permanece como porta de entrada para milhões de negócios e mantém seus principais objetivos de simplificação (que nem sempre são cumpridos, é verdade).
O que muda para o Simples Nacional com a reforma tributária?
O principal impacto está na substituição de tributos e na flexibilização de como você, empresário do Simples, pode lidar com os novos impostos criados pela reforma: IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
A partir da implementação da reforma, em 2026, você terá duas opções:
1) Manter tudo dentro do Simples Nacional: Continuar recolhendo todos os tributos, inclusive IBS e CBS (que substituem ICMS, ISS, PIS, COFINS e parte do IPI), no DAS.
2) Apurar IBS e CBS “por fora” do Simples (Modelo híbrido): Permanecer no Simples Nacional para os demais impostos, mas optar por recolher IBS e CBS separadamente, como empresas do regime geral.
O que acontece se você ficar com tudo dentro do Simples (modelo mais tradicional)?
Se você optar por manter todos os tributos dentro do Simples Nacional, a lógica permanece muito parecida com a atual: as alíquotas continuarão sendo progressivas e aplicadas sobre a receita bruta.
Importante:
- Sem direito a créditos de IBS e CBS nas compras, como já ocorre com ICMS e PIS/COFINS para optantes do Simples: não existe a chamada “não-cumulatividade” para as empresas que recolhem por dentro.
- Ao vender para empresas de fora do Simples, você transfere ao comprador um crédito referente apenas ao valor de IBS e CBS pagos dentro do Simples – que costuma ser bem menor do que o crédito integral de uma empresa do regime geral.
Os efeitos práticos disso são:
- Se você vende para consumidores finais, em espesial pessoas físicas, o impacto dessa diferença em crédito é limitado.
- Se você vende para empresas que dão muito valor à recuperação de créditos, pode acabar ficando menos competitivo, pois os clientes podem preferir fornecedores que transferem mais crédito (ou seja, que recolhem por fora do Simples).
E se você decidir apurar IBS e CBS “por fora” do Simples?
Neste caso a dinâmica muda bastante e pode ser interessante para negócios que geram ou aproveitam muito crédito – como indústrias, atacadistas ou empresas com alta aquisição de insumos e serviços.
Quando você opta por recolher apenas IBS e CBS fora do Simples:
- Você pode tomar créditos integrais desses tributos sobre as suas compras, como acontece com empresas do regime geral. Isso pode diminuir a sua carga tributária, principalmente se sua empresa tem grande volume de despesas que geram crédito.
- Na saída, transfere o crédito integral para o cliente, e não só o valor “reduzido” que seria calculado no Simples. Isso pode aumentar sua competitividade para clientes que se beneficiam desses créditos.
Pontos de atenção:
- A alíquota de IBS e CBS fora do Simples provavelmente será maior do que a “parcela” desses tributos embutida nas tabelas do Simples Nacional. Ou seja, pode ser vantagem ou não, de acordo com o perfil do seu negócio.
- Não há mais a obrigação de ultrapassar certos limites de faturamento (como o sublimite de ICMS) para poder recolher tributo fora do Simples. Agora é opção, não imposição.
Em quais situações vale a pena optar pelo regime híbrido do Simples Nacional?
A resposta depende principalmente do seu modelo de atuação.
Se sua empresa está mais próxima da indústria, atacado ou prestação de serviços para empresas (B2B), provavelmente faz sentido considerar calcular IBS e CBS fora do Simples.
Afinal, você terá mais créditos para abater e pode transferi-los integralmente aos clientes, tornando-se mais competitivo.
Mas se você vende predominantemente para consumidores finais, geralmente compensa manter tudo dentro do Simples, pois o crédito não faz diferença para eles, apenas o preço final.
Ou seja, você vai precisar consultar uma boa Contabilidade para fazer as contas e, preferencialmente, simular os dois cenários.
Cada empresa tem uma realidade diferente e a escolha deve levar em conta seu faturamento, margens, perfil de clientes e fornecedores.
O microempreendedor individual (MEI) muda?
Para o MEI, nada muda no curto prazo. Não há previsão de alteração relevante nas regras de enquadramento ou apuração.
O MEI segue integralmente dentro do Simples, com suas regras e valores próprios.
O que você deve ficar atento daqui pra frente?
As regras detalhadas (quais atividades podem ou não apurar por fora, desde quando a nova opção estará disponível, como será a transição e quais serão as alíquotas finais) ainda dependem de regulamentação específica.
Acompanhe sempre as atualizações e não hesite em refazer seus cálculos periodicamente, porque a melhor opção pode variar ao longo do tempo.
Além do Simples Nacional, o que a reforma tributária muda na prática para quem empreende?
A reforma tributária traz transformações que não são apenas de legislação ou contabilidade: elas chegam ao caixa, ao planejamento, à forma de negociar com fornecedores e clientes, e até ao potencial de crescimento da sua empresa.
Veja o que muda com a reforma tributária que realmente vai mexer no seu dia a dia:
1) O split payment e o novo fluxo de dinheiro no seu negócio
O split payment, ou pagamento dividido, talvez seja a principal inovação operacional da reforma.
O imposto devido sobre cada venda realizada será automaticamente separado na origem, no momento em que o seu cliente paga.
O banco ou meio de pagamento já retém a fração devida de tributo e encaminha diretamente ao governo – e só o restante chega ao caixa da sua empresa.
O que isso significa para você na prática?
- Diminuição do seu poder de gerenciamento momentâneo do dinheiro.
Antes, você recebia o valor inteiro da venda, e fazia (ou ao menos poderia fazer) a gestão do saldo para pagamentos posteriores de tributos, inclusive tirando algum rendimento no curtíssimo prazo ou usando o caixa de forma estratégica por alguns dias.
Agora, esse intervalo desaparece: assim que vende, parte do dinheiro já some por conta dos impostos retidos.
- Impacto imediato no seu fluxo de caixa.
Empresas acostumadas a girar capital de giro com “dinheiro dos impostos” – ou seja, que utilizavam o período entre o recebimento e o pagamento do DAS ou das guias para financiar compras, salários ou investimentos – precisarão se reorganizar.
- Fica mais difícil atrasar ou renegociar tributos desse tipo.
Hoje, muitos empresários acabam postergando algum imposto ou negociando parcelas em momentos apertados.
Com o split, não há prazo: o dinheiro simplesmente não “entra” na empresa.
No curto prazo, isso pode exigir que você repense sua política de estoque, compras, prazos de recebimento e até o tamanho do seu colchão de segurança no caixa.
2) Cashback de impostos
Com o cashback tributário, famílias de menor renda passam a receber de volta parte dos impostos pagos em itens como água, luz, gás, telecomunicações, alimentos, entre outros.
Na prática, o que muda para sua operação?
- Poder de consumo pode crescer para algumas faixas de clientes, principalmente se você atua no setor de varejo, supermercados, farmácias, redes populares e similares.
- Exigirá integração ou prestação de informações ao governo, principalmente para quem atua com grande volume de vendas ao público-alvo do benefício.
3) Concorrência e transferência de créditos
A reforma aumenta a transparência e o aproveitamento de créditos tributários na cadeia de fornecedores, em especial para quem opta por apurar IBS e CBS “por fora” do Simples:
- Empresas que não transferirem crédito integral podem perder competitividade B2B. Se você fornece para outras empresas (indústria, atacado, grandes redes), elas passam a preferir fornecedores que transferem o máximo de crédito possível – normalmente quem recolhe por fora do Simples.
- Para negócios focados no varejo para pessoa física, o impacto é menor, pois consumidores finais não aproveitam créditos, tornando preço e atendimento ainda mais centrais.
4) Obrigações acessórias, compliance e custo administrativo
- O split payment simplifica certas obrigações, porém pode demandar adaptação de sistemas.
Apesar da redução de “red tape”, será preciso adaptar ERP, sistemas de controle financeiro e gestão de vendas para conciliar corretamente o valor líquido recebido e os comprovantes dos impostos retidos.
- Fiscalização ficará mais automática e menos tolerante a improvisos.
O grande ganho do governo será no controle: o risco de autuações por erro ou atraso cai para você, porque o sistema deixa menos espaço para irregularidades, mas fica mais difícil corrigir eventuais erros rapidamente caso ocorram.
O que você precisa fazer desde já:
- Simule o novo fluxo de caixa do seu negócio, levando em conta que parte relevante do valor das vendas não passará mais pelo seu controle.
- Avalie seu regime tributário e a dinâmica de créditos na sua cadeia. Isso pode mudar a sua competitividade e os custos finais do seu produto para o cliente.
- Invista em atualização dos sistemas financeiros e integração com plataformas bancárias/tributárias para que o gerenciamento dos valores líquidos já esteja adequado assim que a reforma entrar em vigor.
- Prepare sua equipe e fornecedores para a nova dinâmica de prazos e pagamentos.
- Acompanhe de perto cada etapa da regulamentação, pois detalhes sobre início do split, cashback, regras de crédito e exceções ainda estão em discussão.
Como a Tactus ajuda você a ter vantagens competitivas com a reforma tributária?
A verdade é que a reforma tributária traz desafios e oportunidades — e as escolhas feitas agora vão impactar diretamente o futuro do seu negócio.
Por isso, contar com orientação especializada faz toda a diferença.
A Tactus é uma das maiores Contabilidades Digitais do país e nosso time já está totalmente preparado para te apoiar em cada etapa dessa transição.
Podemos analisar o cenário da sua empresa, simular os impactos das novas regras, e orientar sobre o ajuste de processos e sistemas para que você saia à frente.
Quer entender qual é a estratégia ideal para a realidade do seu empreendimento? Entre em contato com a equipe da Tactus e agende uma reunião de diagnóstico.