O Ministro da economia Paulo Guedes, deu uma entrevista para a XP Investimentos, e neste conteúdo farei um resumo dessa entrevista, vou mostrar informações importantes para você que é empreendedor.
Primeiro ele começou a falar sobre o processo da crise.
Ele falou uma coisa muito importante que o governo não previa essa situação de tragédia.
É claro que o governo sabia o que estava acontecendo na China, o Ministro da Saúde alertou sobre aquele problema da China, e disse que se estenderia ao Brasil.
Mas, num primeiro momento eles não imaginavam que o problema chegaria o Brasil com tanta força.
Paulo Guedes disse: “fomos atingidos por um meteoro.”
Tudo foi imprevisível, nós não pensávamos que a mesma situação que acontece na China, Europa e EUA pudesse chegar com a mesma intensidade no Brasil.
Paulo Guedes abordou um ponto importante, falou sobre a questão da crise de liquidez.
Ele identificou imediatamente que teríamos uma crise de liquidez. As pessoas e as empresas não teriam dinheiro em caixa, para poder se manter por um período sem trabalhar, como está sendo exigido hoje o momento de isolamento.
O que são as ações emergenciais?
Sabendo dessa dificuldade o governo criou um processo de injeção de liquidez.
Nesse processo de injeção de liquidez, onde ele citou que essa é a primeira onda da crise, o que foi definido?
Foram definidas ações emergenciais.
Quando é feita uma ação emergencial, ele abre para o que está fora de um precedente, ou seja, são ações temporárias como por exemplo a postergação de um imposto.
E é preciso ter sido decretado estado de calamidade pública para que isso seja possível.
Dentre as ações estão:
- Liberação de compulsórios;
- Liberação BNDES;
- Antecipação de benefícios;
- Deferimento de impostos;
- Bolsa Família;
- Auxílio da folha para empresas que mantiverem empregos;
- Ajuda para os estados e municípios equivalente a 4,8% do PIB.
Será liberado um valor considerável, e o ministro salientou que tudo isso foi feito em tempo recorde.
A hora de ser estratégico
Pensando um pouco na questão dessas ações.
No caso dos trabalhadores informais, a ação emergencial foi justamente atender os 38 milhões de pessoas, para que elas sobrevivam a uma situação completamente inesperada.
Tudo isso, porque o movimento na circulação das pessoas diminuiu significativamente e esses profissionais são diretamente afetados.
O valor de auxílio que será liberado não chega nem perto daquele que uma pessoa precisa, mas, para uma ação emergencial, pode servir para que essa pessoa supra suas necessidades básicas.
Também o auxílio aos carentes, foi liberando o bolsa família para todo mundo.Acabou o filtro, nesse momento de crise todos serão colocados dentro do sistema e depois haverá uma filtragem, para entender quem são as pessoas que solicitaram auxílio que na verdade não teriam direito.
Financiamento para pequenas empresas
Neste tema podemos destacar o diferimento de impostos, também a questão do subsídio da folha de pagamento por até 2 meses tendo como contrapartida não demitir os profissionais.
Basicamente, o governo vai liberar um crédito e esse crédito vai ser usado exatamente para pagar os funcionários.
Quem vai pagar para o funcionário é o próprio banco, a empresa passa a listagem dos funcionários com os dados, e o crédito é feito diretamente na conta do funcionário.
O valor total para ser pago a cada funcionário deve ser de no máximo dois salários mínimos.
Qual é o objetivo?
Gerar liquidez.Se as empresas estão sem dinheiro e conseguem um crédito, consequentemente tem uma folga de caixa para alongar o fluxo de caixa.
Dinheiro no caixa da empresa
Existe um desafio em relação a isso, na teoria parece ser muito prático e fácil, mas na verdade é essencial fazer com que esse dinheiro chegue às mãos das pessoas o mais rápido possível.
As empresas não podem esperar, as pessoas que estão buscando os benefícios e não podem esperar.
O objetivo é manter um processo de circulação de recursos, para evitar que essa falta de recursos implique numa crise muito mais severa.
Como eu disse acima, o volume liberado para empréstimos às pequenas empresas não é nem de perto, o suficiente para atender metade delas, isso deve ser levado em consideração.Fique atento, o quanto antes buscar esse recurso, assim que estiver disponível, melhor será.
A primeira onda
O ministro também abordou a questão dessa primeira onda, falando sobre o isolamento horizontal.
O foco é ter um isolamento, mas manter em funcionamento o transporte a indústria, que estão ligados diretamente à questão do abastecimento e a questão da saúde.
Essa preocupação é importante para que esse isolamento não gere o que está acontecendo em outros países, com a questão do desabastecimento.
O ministro disse que algo inédito está acontecendo, eles estão ouvindo as verticais de negócios.
Todos os setores estão sendo ouvidos como o aéreo, que tem um lobby mais forte com o governo.
Estão olhando também para bares e restaurantes, conversando com os sindicatos, estão tendo uma aproximação com segmentos que são preponderantes.
Tudo isso para entender quais são as sugestões desses segmentos, para que juntos seja avaliado o que pode ser feito, levando em consideração que nós estamos ainda em isolamento horizontal.
Todos os aspectos precisam ser trabalhados em conjunto, para permitir o acesso a recursos e o funcionamento das coisas como a questão de mexer na legislação e as alterações das MPs.
Esses ajustes temporários têm como objetivo gerar maior flexibilidade e muito mais rapidez para que as coisas possam fluir.
Todas são as ações visando diminuir os impactos da primeira onda.
A segunda onda
O que é importante analisarmos sobre a questão dessas ações?
Imagine o nosso cenário, temos uma previsibilidade de 4 a 5 meses de crise.
Essa crise está muito forte e muito acentuada, nesse momento ela tem afetado diretamente os setores, depois nós teremos um plano de recuperação.
O isolamento horizontal que estamos vivendo é um processo inicial, nós temos um segundo processo que o ministro chama de segunda onda.
Não sabemos até onde irá esse processo de crise, porém ele precisa fazer com que a economia ande junto com a saúde nesse momento.
E disse que para vencer essa segunda onda é preciso aprovar investimentos em saneamento, infraestrutura, privatizações, setor elétrico e assim por diante.
Existe hoje uma série de entraves e o governo está olhando para eles, enxergando claramente que isso vai fazer parte do processo para passar para segunda onda.
Nós vivenciamos a primeira onda, neste momento o objetivo é conter o avanço do vírus.
Neste momento as pessoas estão isoladas, estão nos seus lares trabalhando via home office.
A circulação de pessoas está muito restrita para conter o avanço do vírus.
O objetivo de tudo isso é não colapsar o sistema de saúde.
É claro que eles estão reforçando o sistema de saúde.
O Paulo Guedes deixou muito claro que a economia está trabalhando diretamente com a saúde, eles querem chegar num consenso, querem entender justamente até onde economia aguenta um processo totalmente horizontal como esse.Além disso, querem entender o que pode ser feito do ponto de vista de saúde, para o processo do vírus não se avance, e permita que a economia possa girar novamente, o mais rápido possível.
O isolamento vertical
É importante entender que é realmente é uma situação muito complicada.
O isolamento vertical é um assunto muito polêmico, que é defendido principalmente pelos empreendedores.
Os empreendedores estão olhando claramente que se nós ficarmos nessa situação, como estamos hoje no isolamento horizontal, a economia vai quebrar de uma maneira assombrosa.
Pequenas empresas e grandes empresas vão ser atingidas e não haverá como fazer um processo de recuperação nos próximos anos.
Muitas pessoas serão afetadas com situações, que vão além da perda de vidas, que nós já temos hoje.
Situações que vão gerar muita pobreza, o aumento da violência e muitas pessoas que vão morrer.
Tudo isso porque não terão a estrutura mínima necessária para manter a sua saúde, sua vida, sua família e assim por diante.
Uma das coisas que foi citado, que eu achei bem interessante, ele deu um exemplo da Ambev.
A Ambev está comprando uma quantidade grande de testes, eles vão utilizar 70 mil testes para testar os funcionários e seus familiares.
E hoje temos um problema, a falta de testes nas mãos do poder público para poder fazer em larga escala.
Para que esse isolamento vertical possa acontecer, é preciso seguir o modelo híbrido que existe hoje na Coréia.
O País faz o teste de massa, para identificar quem são as pessoas que estão doentes e prontamente isolá-los, e proteger as pessoas que são mais vulneráveis a esse tipo de situação.
As empresas estão sendo incentivadas a terem acesso a esses testes, para que eles testem seus funcionários e familiares.
Para partirmos para o isolamento vertical é indispensável a realização de testes em massa.
Isso ficou muito claro na fala do ministro, segundo ele está sendo amplamente trabalhado com o ministério da saúde para chegar num consenso do que pode ser feito.
O ministro disse que se tivermos um isolamento longo, será uma catástrofe econômica, mas se tivermos um isolamento curto demais nós vamos ter uma catástrofe de saúde pública.
Se as pessoas forem liberadas, haverá uma catástrofe na saúde pública, os casos vão crescer e o sistema entrará em colapso toda a saúde pública, em razão da super demanda que não poderá ser atendida.
Porém se ficarmos muito tempo isolados, como estamos hoje, a situação econômica também vai ser devastadora.
É uma situação cirúrgica e é preciso encontrar o limite das empresas, até onde elas aguentam, e até onde pode ir esse isolamento do jeito que está hoje.
Existe um tempo certo?
Hoje podemos dizer que os fatores mais preponderantes da nova discussão é justamente quando as empresas poderão voltar a operar, para que a economia comece a girar novamente.
É claro que tudo vai voltar de uma forma mais tímida.
Mas voltando é possível que muitos pequenos empreendedores tenham condições de ficar com as portas abertas, para poder girar os seus negócios, proteger os empregos e efetivamente minimizar os impactos.
O que deve ser feito, segundo ele, é começar a fazer liberações de modo mais vertical, mantendo lugares fechados onde existe uma circulação muito grande de pessoas.
Obviamente as empresas serão muito afetadas como, por exemplo, empresas de eventos. Nós devemos ter uma proibição por um tempo para que existam eventos com muitas pessoas.
Além disso, será diretamente afetada toda a parte de aviação, o turismo e outras áreas vão continuar por um bom tempo sendo afetadas com tudo isso.
O ministro falou também sobre a questão da importação, que por incrível que pareça, o dólar a cinco reais vai favorecer alguns segmentos, dentre eles a própria exportação, mas aqueles que trabalham com importação estão sendo diretamente desfavorecidos, estão levando tudo em consideração.
Ele disse que os controles de gastos serão essenciais.
Como por exemplo os gastos da previdência e os gastos em relação a todo funcionalismo público.
O que nós podemos até prever, pelas falas do ministro, é que esse ano nós não vamos ter a discussão novamente do aumento dos impostos ou reformas, tudo parou para que eles lidem com o emergencial. O governo vai focar nesse momento, nos próximos três ou quatro meses, em ações efetivamente emergenciais, que possam diminuir o impacto de todo esse momento de crise que estamos vivendo.
Visão geral
Eu gostei muito da fala do ministro, e é claro que existem coisas que estão fora do controle dele, situações macro ambientais.
De modo geral, ficou claro que o governo foi rápido em algumas ações, e elas precisam ter continuação.
Chegou o momento de desburocratizar as operações, para trazer facilidades.
Somente assim todas as pessoas, independentemente da situação que eles tenham, sob o ponto de vista de nome ou de ter ou não uma certidão, poderão ter acesso a esses créditos e valores para minimizar a questão dos riscos, e para manter a sua empresa para o próximo período.
Ele citou um estudo onde dizia que as empresas até se segurariam pelo período de 30 dias, mas que após 30 dias nós teríamos um problema sério.
Se o prazo se estendesse, às empresas não conseguiriam de fato superar esse momento.
Está muito clara a ação conjunta entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Economia. Ambos estão fortemente empenhados em diminuir cada vez mais esse tempo de isolamento, tudo isso para permitir que a economia comece ter um processo de retomada, para que haja novamente a circulação de dinheiro etc.
A situação do Brasil não é fácil, não dá para comparar o que nós passamos no Brasil com o que passam outros países de primeiro mundo, como os Estados Unidos que está injetando trilhões de dólares para poder salvar a sua economia.
O Brasil obviamente tem um orçamento muito mais modesto para dar suporte, nós sabemos que esse orçamento, na teoria, atenderia todo mundo, mas sabemos que na prática não vai atender.
Os valores que serão disponibilizados não são suficientes para manter as pessoas numa situação confortável ou até minimamente confortável, até que passe essa crise.
As pessoas precisam ter condições de voltar a trabalhar, a economia precisa ter condições de começar a se restabelecer ainda que timidamente nesse momento.
Mesmo neste cenário de caos, podemos ver uma luz no fundo do túnel, que é uma coisa que deve ser desconsiderada.
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