A reforma tributária para e-commerce traz impactos diretos na forma como você precifica, tributa e organiza sua operação.
E o maior risco não está nas mudanças em si, mas em quem vai ignorá-las.
No lugar dos tributos atuais, como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI, entram dois novos impostos: a CBS (federal) e o IBS (estadual/municipal).
Esses tributos formam o chamado IVA (Imposto sobre Valor Agregado), inspirado em modelos adotados em outros países.
Apesar do discurso de simplificação, a verdade é que os e-commerces serão fortemente impactados pela reforma tributária.
A carga tributária pode subir, a lógica de funcionamento muda e empresas que não se estruturarem correm o risco de perder competitividade, sobretudo em um mercado de margens apertadíssimas como o e-commerce.
A Tactus é uma Contabilidade especializada em e-commerces e vamos ajudar você a entender tudo o que muda com a reforma tributária e como se preparar desde já.
Impactos nos fornecedores dos e-commerces que vão afetar a precificação e a margem
Se você vende online, seu negócio depende diretamente de plataformas, gateways de pagamento, serviços de logística, softwares de gestão e marketing digital.
Todos esses serviços serão impactados pela reforma tributária, pois terão seus impostos aumentados.
Hoje, esses serviços pagam entre 11% e 16,65% de impostos. Com a reforma, esse número pode chegar a 26%.
Esse aumento pressiona a sua margem e te obriga a tomar uma decisão difícil: repassar o custo para o cliente ou absorver a diferença e reduzir a lucratividade.
Além disso, há um segundo ponto que pesa na precificação: o novo modelo tributário exige que o imposto seja destacado separadamente na nota fiscal.
Esse destaque, semelhante ao que ocorre em compras internacionais, torna o custo mais visível para o consumidor, o que pode gerar resistência à compra ou percepção de que o preço está mais alto, mesmo que o valor final seja o mesmo de antes.
Mesmo empresas do Simples Nacional estarão sujeitas a essas novas regras de destaque, o que aumenta a complexidade da operação e pode exigir uma revisão completa da estratégia de precificação.
Como funciona a nova lógica de crédito e débito do IVA e como impacta seu e-commerce
O novo sistema trazido pela reforma tributária segue a lógica do IVA, comum em países europeus:
- Tudo o que você compra vira crédito.
- Tudo o que você vende vira débito.
- E no final, você paga a diferença entre débito e crédito.
Parece justo. Mas isso só funciona para quem está com a operação em ordem.
Se você ainda mistura CPF e CNPJ, paga despesas sem nota ou emite documentos de forma incorreta, perde os créditos e paga o imposto cheio.
Ou seja, dois e-commerces com o mesmo faturamento podem ter cargas tributárias completamente diferentes.
E, claro, o mais organizado vai pagar menos.
Como a reforma tributária afeta e-commerces que estão no Simples Nacional
O Simples Nacional para e-commerce também não vai escapar da reforma tributária.
A partir de 2026, você será obrigado a destacar a CBS e o IBS nas notas fiscais, ainda que eles não estejam incluídos no valor pago via DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional).
Essa exigência muda a forma como seus clientes enxergam o custo da sua nota, principalmente quando são empresas que utilizam crédito tributário como estratégia para pagar menos impostos.
É aí que surge a ideia do Simples Nacional Híbrido: um modelo em que a empresa continua no Simples, mas recolhe a CBS e o IBS separadamente, fora do DAS.
Isso permite que o cliente aproveite os créditos gerados e você mantenha a competitividade frente a prestadores de serviço que estão em outros regimes.
Na prática, o Simples Híbrido exige:
- Apuração dos tributos federais e estaduais separadamente;
- Recolhimento da CBS e IBS fora da guia única;
- Organização contábil semelhante à de uma empresa do Lucro Real.
Ou seja, você troca parte da simplicidade do Simples por estrutura e planejamento, com o objetivo de não perder contratos para concorrentes que geram crédito.
Essa análise deve ser feita com critério. Para muitos e-commerces que vendem para pessoa física, talvez não valha a pena.
Mas se você vende para empresas, especialmente do Lucro Real, entender esse movimento é essencial para continuar competitivo.
Leia mais: Como fica o Simples Nacional com a reforma tributária
O que muda em 2026 com a reforma tributária para o e-commerce?
As principais mudanças da reforma tributária em 2026 se referem às chamadas alíquotas-teste:
- CBS: 0,9%
- IBS: 0,1%
Esses tributos não serão recolhidos, mas devem ser destacados nas notas fiscais.
Mas mesmo sem recolhimento, a regra já muda.
Você vai precisar ajustar o sistema de emissão, entender como preencher os novos campos e garantir que tudo esteja sendo feito da forma certa.
É como um ensaio geral da reforma, mas com consequências reais para quem errar.
Essa fase serve justamente para testar a operação e encontrar os pontos que precisam ser corrigidos.
Quem deixar para fazer isso só em 2027, quando os tributos começam a valer de verdade, vai enfrentar muito mais dificuldade e risco.
O que muda em 2027 com a reforma tributária para o e-commerce
A partir de 2027, a reforma entra em vigor de fato. As mudanças principais são:
- Fim do PIS e da Cofins;
- Entrada da CBS com alíquota cheia;
- Início do split payment.
No split payment, o valor do imposto é automaticamente retido no momento do pagamento da nota fiscal e enviado ao governo.
Ou seja, você não vai mais receber o valor total da venda para depois recolher o imposto.
O dinheiro do tributo vai direto para o governo, e o que entra na sua conta já é o valor líquido.
Essa mudança interfere no seu fluxo de caixa, na gestão do financeiro e até nas previsões da empresa.
Tudo precisa estar muito bem controlado (do sistema de emissão à conciliação bancária) para que sua operação continue funcionando sem sustos.
O que é o imposto seletivo e como pode afetar seu e-commerce?
A reforma cria também o Imposto Seletivo, que será aplicado a produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente.
Entre os produtos que devem sofrer essa tributação adicional estão:
- Bebidas alcoólicas;
- Cigarros e derivados do tabaco;
- Produtos com alto teor de açúcar;
- Jogos e apostas online.
Se você vende algum desses produtos, precisa considerar esse impacto no seu planejamento tributário e na formação de preço.
Três ações práticas para seu e-commerce se preparar para a reforma tributária
Em meio a tantas mudanças trazidas pela reforma tributária para os e-commerces, você pode se antecipar e já se preparar para não ser pego de surpresa lá na frente.
Para isso, na Tactus, recomendamos essas três ações práticas para nossos clientes de e-commerce:
1) Revise o cadastro fiscal dos seus produtos
A nova sistemática depende totalmente da correta classificação dos itens que você vende.
Cada produto precisa estar com o código NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) certo e a descrição fiscal adequada.
Um código errado já impacta na tributação para e-commerce e pode te fazer pagar imposto a mais ou perder o direito a créditos.
Em um novo cenário onde cada ponto percentual conta, esse tipo de descuido afeta diretamente seu caixa.
2) Organize todas as despesas no CNPJ, com documentação em dia
Definitivamente, não dá mais para misturar despesas pessoais e da empresa.
Se um serviço é contratado, ele precisa estar no CNPJ e com nota fiscal emitida.
Qualquer valor que não esteja formalizado da forma certa pode ser desconsiderado na apuração do imposto, o que significa menos crédito pra você e mais dinheiro indo pro governo.
3) Trabalhe com uma contabilidade com experiência no Lucro Real
O e-commerce que quiser se manter competitivo vai precisar ir além da simplicidade do Simples.
Mesmo quem continuar nesse regime pode optar por destacar e recolher a CBS e o IBS separadamente, no modelo híbrido.
E só vai conseguir fazer isso quem estiver bem assessorado.
Ter uma contabilidade que domine o Lucro Real para e-commerce, a lógica do IVA e os detalhes da reforma tributária já não vai ser mais diferencial, e sim um critério de sobrevivência para os e-commerces.
Cronograma da reforma tributária para o e-commerce
- 2026: Alíquotas-teste (CBS 0,9% e IBS 0,1%), com destaque obrigatório nas notas, sem recolhimento;
- 2027: Extinção do PIS e Cofins; CBS entra em vigor com alíquota cheia; início do split payment;
- 2029: Entrada gradual do IBS;
- 2033: Extinção total do sistema atual; ICMS e ISS deixam de existir.
Principais impactos da reforma tributária no e-commerce
Em resumo, esses serão os principais impactos da reforma tributária para os e-commerces:
- Aumento da carga tributária sobre serviços contratados por e-commerces (logística, plataforma, pagamento, etc.);
- Necessidade de rever precificação para manter margem e competitividade;
- Destacamento do imposto nas notas, o que torna o custo mais visível para o consumidor final;
- Perda de créditos tributários se a operação não estiver 100% regular e documentada;
- Split payment alterando o fluxo de caixa e exigindo mais controle financeiro;
- Tributação adicional sobre produtos sujeitos ao Imposto Seletivo;
- Obrigatoriedade de adaptação a novas obrigações acessórias a partir de 2026;
- Pressão para sair do Simples tradicional e avaliar o Simples Híbrido ou outros regimes para manter a competitividade, se o e-commerce for voltado ao mercado B2B.
Como a Tactus ajuda seu e-commerce a se preparar para a reforma tributária
Na Tactus, nós acompanhamos de perto todas as fases da reforma tributária e já estamos implementando estratégias de adaptação para centenas de e-commerces em todo o Brasil.
Nossa equipe tem experiência prática com e-commerces que operam no Lucro Real, Simples Nacional e Lucro Presumido e sabe exatamente o que precisa ser feito para sua empresa continuar competitiva, mesmo com todas as mudanças que vêm por aí.
Se você quer entender como a reforma impacta o seu e-commerce e qual o melhor caminho para se preparar desde já, agende uma reunião de diagnóstico com os nossos especialistas.
Essa conversa pode te ajudar a evitar prejuízos e encontrar oportunidades dentro do novo cenário tributário.